terça-feira, 14 de julho de 2009

Acorda tarde, aliás no começo da própria tarde. Não sabe que horas são, mas também não se incomoda, afinal, está de folga. Folga do trabalho maçante, dos horários rígidos e de algumas regras. É engraçado como nos acostumamos com tantas regras e até acabamos sentindo falta delas, pensou nisso e deu um leve sorriso, não de alegria, mas meio que de tristeza ou de uma constatação tão enfadonha.
Toma um café forte, come algo que encontra no armário, senta no sofá e gira pelos canais da televisão. As mesmas noticias todos os dias, as mesmas grandes novidades de ontem, parece que a vida é um “museu de grandes novidades” como um dia disse Cazuza.
Já estamos chegando ao meio da semana, pensou ansiosa por não ter feito nada de diferente em seus dias de folga. Mas será que queria mesmo fazer algo diferente? Será que o diferente não estava em não fazer absolutamente nada? Perguntas para as quais ela ainda não tinha respostas.
Tomando mais uma xícara de café, pensou em como as pessoas se sentem obrigadas a seguir algumas regras que já são tão inconscientes, sem ao menos parar para pensar se é o que querem fazer. Levantar mais cedo, mesmo em dia de folga, evitar algumas palavras azedas para não espantar algumas pessoas, estar sempre fazendo algo porque ficar sem fazer nada é quase um desaforo, ouvir algumas coisas não tão agradáveis e fingir que não levou a sério, mesmo que quando é você quem as diz, a pessoa fica enormemente magoada.
As horas passam levando consigo os dias e as noites. É interessante como se sente mais viva à noite, parece que nasce uma energia de querer ver e fazer tudo o que não fez durante o dia. Achava que era por se sentir livre, as pessoas, ou ao menos a maioria delas, já estavam dormindo e já não a julgariam naquele momento tão seu.
Mais uma noite anuncia sua chegada e ela vai se sentindo feliz, feliz por ter mais uma noite para atravessar mesmo que vendo os mesmos filmes de sempre. Afinal, ela era a mesma de sempre, apenas estava de folga.....

Um comentário:

  1. é de fato engraçado como ocupamos nosso tempo em ócio. Paul Lafargue diria que o trabalhador deveria ter um tempo lire para si, para não fazer nada, para nesse tempo, fazer tudo o que queria. assim, ele seria um trabalhador feliz. interessante como existem vários pontos de vista sobre o que fazer com o momento de ócio e sobre o próprio ócio.
    ter o momento seu. te invejo.

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